Pranto de Maria Parda

2021
Realização e desenho de vídeo
Texto e encenação: Miguel Fragata a partir de Gil Vicente
Música Capicua (com beat de Virtus), Xullaji
cenografia F. Ribeiro
desenho de luz Rui Monteiro
figurinos José António Tenente
desenho de som Nelson Carvalho
produção Teatro Nacional D. Maria II



Filipe Ferreira
Filipe Ferreira
Filipe Ferreira


1521: Maria Parda vagueia pelas ruas de Lisboa. Não reconhece a cidade, assolada pela fome e pela seca. Quis Gil Vicente que Maria Parda simbolizasse o ano mau, que fosse mulher e alcoólica e que não tivesse lugar na cidade.

2021: Lisboa está irreconhecível, desfigurada pela gentrificação, pela presença (e ausência) do turismo, pela pandemia. Quinhentos anos volvidos, Maria Parda continua sem ter lugar.

A tradição foi insinuando que da designação "Maria Parda” se extraía a ideia de uma mulher negra. Mas em nenhum momento Gil Vicente parece indicá-lo. Resultará essa conclusão de um preconceito de interpretação e de leitura? Como se olha para este texto com quinhentos anos à luz das questões do racismo e do feminismo, que ele próprio hoje convoca, e que são prementes? Que caminho fizeram este texto, a cidade e Maria Parda - até hoje?





João Gambino

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